11.10.07

EUA estendem a mão à junta birmanesa.

Este título não me surpreendeu e resume o ponto de vista da diplomacia norte-americana, que defende a possibilidade da actual junta militar continuar a desempenhar um papel no futuro, depois da transição de poder na Birmânia. A Time, na sua edição de 8 de Outubro, ilustrava a capa com um elucidativo “Praying for Burma”, desenvolvendo o título com um pequeno texto que terminava com um esperançoso “but the world is watching”, numa espécie de aviso ao regime ditatorial birmanês. O que me surpreendeu, e vá-se lá saber porque é que ainda caio na armadilha da surpresa nestes casos, foi o projecto de resolução apresentado pelas potências ocidentais ao Conselho de Segurança da ONU, nas quais, claro, se incluem as (maiores) democracias europeias, em que essas grandes nações “lamentam profundamente” mas “não condenam” a repressão dos protestos pró-democracia em Rangum. O projecto apresentado apela à democratização da Birmânia e defende que o processo deverá contar com o apoio de um dos maiores, senão o maior, aliado da ditadura militar – a China. Tens que entender Mike, tu não percebes nada de diplomacia internacional, dos interesses que estão em jogo, principalmente quando uma China está envolvida, afinal há mais coisas muito mais importantes que devem ser acauteladas, não pode haver lugar para ingenuidades, etc, etc, etc. Não, não tenho que, nem devo entender... há coisas que não deviam ter preço e tenho a sensação de que hoje o povo brimanês está a pagar um bem elevado, mas as potências ocidentais também pagarão lá mais para a frente. E a ONU... o que dizer da ONU?... o problema não está apenas nos ditadores... Garry Kasparov tinha razão.

1 comentário:

CPrice disse...

interesses acima da vida?
acima da protecção da vida e da liberdade?
das necessidades básicas de um povo?
da salvaguarda da existência? interesses em nome de chacinas, maus tratos, perseguições, mentira e morte?

naive eu .. mas também não entendo.

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