10.3.08

Envelhecida, gasta e envolta num glamour que precisa ser procurado.



Não me recordo o que me motivou a visitar Havana pela primeira vez, a primeira de três visitas. Não sou um homem de esquerda (se bem que já há muito tempo me pergunto o que é isso de ser de esquerda ou direita) apesar de em tempos que já lá vão, nutrir alguma simpatia pelos “barbudos” e ter a mesma visão romântica de muitos de nós em relação a Ernesto Guevara, ao Che. Vamos admitir que a motivação partiu das raízes africanas e de alguma curiosidade em viver a vida de um país proscrito pelo Ocidente e pelos EUA... numa inconfessável simpatia pelo mais fraco. Apaixonei-me por Havana e esse sentimento foi partilhado com amigos mais chegados, avisando-os contudo, e por conhecê-los bem, sobre o que poderiam esperar de uma Cuba empobrecida e amordaçada e de uma Havana envelhecida, gasta e envolta num glamour que precisa ser procurado. Na agência de viagens recomendaram-me o Nacional e outro hotel, de que não me lembro do nome, em pleno El Malecon. Hesitei entre o Sevilha em Havana Velha e o Ambos Mundos e decidi-me pelo primeiro porque quis ficar no hotel que recebeu Josephine Baker quando a ela foi recusada a permanência no Nacional, por isso mesmo que estão a pensar os que me lêem – por causa da cor da pele dela. Com um estilo andaluz e situado no elegante Paseo del Prado, o Sevilha era o hotel da máfia e onde Al Capone ficava nas suas visitas à ilha, reservando todo o sexto piso para a sua comitiva. E decidi-me bem ao permanecer num hotel onde temos a sensação de que as paredes parecem olhar-nos de soslaio e contar-nos segredos de uma vivência de outrora, o mesmo hotel que Graham Green escolheu e que menciona em “O nosso homem em Havana”. Não resisti visitar o quarto 551 do Ambos Mundos, onde Hemingway escreveu os primeiros capítulos de “Por quem os sinos dobram”, com a velha máquina de escrever pousada sobre uma escrivaninha simples de madeira. Visitei os locais que os turistas visitam, bebi daiquiris na Bodeguita del Medio, dancei ao ritmo caribenho no El Flamingo, até o dia nascer, almocei em casas particulares e deixei-me embrenhar por uma Havana desconhecida. Devorei uma Havana encantadora... e soube-me a pouco. Talvez por isso tenha lá voltado mais duas vezes. Para a saborear, fazendo-me à estrada numa Cuba abandonada mas não perdida na sua história, no seu orgulho. E hei-de lá voltar. Hasta la vista, Havana.

3 comentários:

CPrice disse...

Excelente retrato caro Mike .. :)

Anónimo disse...

Grato, miss Once. :)

Anónimo disse...

Dieu est un fumeur de havanes
Je vois ses nuages gris
Je sais qu'il fume même la nuit
Comme moi ma chérie

Tu n'es qu'un fumeur de gitanes
Je vois tes volutes bleues
Me faire parfois venir les larmes aux yeux
Tu es mon maître après Dieu

Dieu est un fumeur de havanes
C'est lui-même qui m'a dit
Que la fumée envoie au paradis
Je le sais ma chérie

Tu n'es qu'un fumeur de gitanes
Sans elles tu es malheureux
Au clair de ma lune, ouvre les yeux
Pour l'amour de Dieu

Dieu est un fumeur de havanes
Tout près de toi, loin de lui
J'aimerais te garder toute ma vie
Comprends-moi ma chérie

Tu n'es qu'un fumeur de gitanes
Et la dernière je veux
La voir briller au fond de mes yeux
Aime-moi nom de Dieu

Dieu est un fumeur de havanes
Tout près de toi, loin de lui
J'aimerais te garder toute ma vie
Comprends-moi ma chérie

Tu n'es qu'un fumeur de gitanes
Et la dernière je veux
La voir briller au fond de mes yeux
Aime-moi nom de Dieu

http://www.youtube.com/watch?v=PDd7z9cfCgM

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