3.3.08

Jazz Favorites (II). Ella é eterna.


Ella Fitzgerald era a rainha do scat. Improvisava como ninguém e cantava como um músico, rivalizando e disputando com Sarah Vaughan o ceptro de melhor vocalista do jazz. A história da sua infância não é muito diferente das que conhecemos nos meandros da pobreza e do abandono. Deixou a escola cedo, o padrasto maltratava-a e deu entrada num reformatório por vadiagem. Está visto que as portas do reformatório estavam mais mal fechadas que as ruas de Nova Iorque, que a acolheram e lhe proporcionaram as primeiras gorjetas (esta também é uma das palavras de que não gosto) pelo seu canto. Foi uma Ella maltrapilha e nervosa que arrebatou o primeiro prémio num show de caloiros num teatro no Harlem... onde mais poderia ser? Nunca recebeu esse prémio, que imagino justíssimo, porque a permissão de se apresentar no Apolo Theatre durante duas semanas lhe foi recusada pelo gerente. Era muito feia, considerou o imbecil, deixando escapar aquela que seria a diva do jazz aos dezanove anos. Conheço os três discos que Ella gravou com Louis Armstrong e quando escuto um deles, um qualquer, a música e principalmente a voz dela, permanece muito para além desse momento indescritível. Dos três prefiro Porgy and Bess. Ella é eterna.

4 comentários:

Anónimo disse...

Ai, Mike, este «Summertime» "me mata" :)
A voz, mas também o saxofone...

Anónimo disse...

Um Summertime diferente, mais pausado, pela voz da diva, com um "cheirinho" de scat no final.
Também gosto muito. :)

CPrice disse...

.. a rainha do scat .. :) há uma foto dela lá em casa, datada de 1940, e não sei como se pode dizer que fosse feia.

Boa escolha esta.

Anónimo disse...

Grato Once :)

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